Grandes pterossauros podem voar?

Desde o primeiro achado de pterossauro que se têm notícia, muito se teorizou sobre essas criaturas que conviveram com os dinossauros. Criou-se então uma hipótese dizendo que grandes pterossauros não conseguiam voar. O que, analisando suas propostas, até que fez sentido. Mas não é bem assim.

Quetzalcoatlus de rhunevild no Twitter.

 Quando se fala em pterossauros grandes, qual é a primeira figura que vai na sua cabeça? O Arambourgiania (Nessov vide Nessov & Yarkov, 1989), o Hatzegopteryx (Buffetaut et al., 2002) ou o clássico Quetzalcoatlus (Lawson, 1975) ? Qualquer um que seja, todos esses 3 que eu citei tem coisas em comum: são pterossauros, óbvio, mas são, até agora, os 3 maiores pterossauros do mundo! E todos eles são... azhdarquídeos. A Azhdarchidae (Nesov, 1984) é uma família de pterossauros que apareceu no Cretáceo e teve seu fim na mesma extinção que matou todos os dinossauros não-aviários que ocorreu há 66 milhões de anos atrás, o evento de Extinção-Cretáceo-Paleógeno, ou K/Pg.

Alamosaurus de 30 m de comprimento momentos antes de morrer pela queda do asteróide por Mark Witton.

 Como seres tão grandes conseguiam alçar voo? Bom, o certo a se fazer é comparar com grandes animais alados que temos hoje em dia, como albatrozes e gansos. Apesar de mecânicas de vôo diferentes, a frequência com que se lançam é baixa (apenas para escapar de predadores ou viajar grandes distâncias), e é isso que provavelmente grandes azhdarquídeos faziam, ficando muito tempo em terra.
 E em algumas situações, o lançamento depende também do relevo. Mas sabemos que, para conseguirem se lançar para voar, muita energia é gasta e, consequentemente, músculos são necessários, além de alguma técnica de recuperação dessa energia. E, sem dúvidas, os músculos mais importantes para o lançamento estariam no úmero, em uma grande crista deltopeitoral, já que pterossauros não apresentam quilha. Outra coisa é que asas grandes também ajudariam nisso, e é isso que temos. Além disso, seus ossos provam-se ser resistentes em questão de flexão.

Quetzalcoatlus por Julio Lacerda.

 Animais voadores tendem a deixar 20-25% de seus músculos para músculos auxiliadores do vôo; ou seja; grandes azhdarquídeos provavelmente tinham 50 kg de músculos para vôo, tanto pro lançamento quanto pro próprio vôo.
 Pássaros e antigos insetos usavam a força muscular anaeróbica; então é admissível que grandes pterossauros também usavam isso. Mas era menos suportável, usando de contrações anaeróbicas mais fortes. E uma coisa interessante é que esse tipo de lançamento exige pausas para descanso, então esses gigantes alados não poderiam dar contínuas alçadas de vôo.  
 
Hatzegopteryx por Peter Montgomery.

 Em 2010, dois cientistas alegaram que o tempo que esses titãs do tamanho de uma girafa tinham para bater as asas era um intervalo de 90 segundos e que depois disso era preciso descansar, limitando-os a pequenas explosões como as de um peru. Porém, Mike Habib e Mark Witton, com a ajuda de um software, supuseram que conseguiriam planar longas distâncias e que sua velocidade de voo era maior que 90 km/h; e, naquela mesma explosão de 90 s, conseguiriam passar vários quilômetros. Distância que dava para procurar áreas de elevação. Após achar esse locais, eles poderiam empregar por planar, economizando energia.

Quetzalcoatlus por Julio Lacerda.

 Então, em resumo, azhdarquídeos gigantes provavelmente voavam, mas apenas em casos como fugir de predadores ou viajar longas distâncias, ficando maior parte do tempo no chão. E, para conseguir voar, tinham músculos e técnicas para isso. Já em ar, planavam para economizar energia.



Fontes e leitura adicional:

http://markwitton-com.blogspot.com/2018/05/why-we-think-giant-pterosaurs-could-fly.html?m=1

http://www.eartharchives.org/articles/quetzalcoatlus-the-largest-flying-animal-of-all-time/

https://en.m.wikipedia.org/wiki/Azhdarchidae


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